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Cientistas criticam a distribuição do ‘kit-covid’ pelo Programa Farmácia Popular do Brasil

Publicado em 22 de fevereiro de 2021. Fonte: recontaai.com.br

Em artigo para a Revista Cadernos de Saúde Pública, da Fundação Oswaldo Cruz, cientistas contestam a distribuição do ‘kit-covid’ pela Farmácia Popular

As cientistas Cláudia Du Bocage Santos-Pinto, Elaine Silva Miranda e Claudia Garcia Serpa Osorio-de-Castro apontam que é “um erro” que a distribuição do ‘kit-covid’ pela Farmácia Popular do Brasil.

Conforme o artigo publicado nos Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz, há duas consequências importantes: o desperdício de recursos públicos com medicamentos cuja ineficácia já foi comprovada; e a exposição da população aos riscos relacionados ao uso não racional da medicação.

A Farmácia Popular é um programa de acesso à saúde, não à doença O “kit-covid”, segundo as pesquisadoras, “consiste em uma variação de combinações que incluem, invariavelmente, a cloroquina/ hidroxicloroquina, a azitromicina, a ivermectina, e mais outros medicamentos, a depender da localidade”.

Conforme relatado por médicos, já há pacientes que sofreram graves efeitos adversos dos medicamentos que compõe o tal “kit”.

Já o programa Farmácia Popular do Brasil – criado em 2004, durante o primeiro ano de gestão do presidente Luíz Inácio Lula da Silva – foi alvo do ministro da Economia Paulo Guedes, que defendia a sua descontinuidade na época em que se debatia o Programa Renda Brasil. Contudo, o programa foi mantido por sua importância para a saúde pública no Brasil e pela pressão popular.

A possibilidade de utilização dessa enorme estrutura que atende com seriedade cidadãos de todo o País é preocupante, tanto no aspecto fiscal, quanto no aspecto da saúde pública.

Por isso, as pesquisadoras concluem que utilizar a Farmácia Popular como distribuidora de remédios – cuja ineficácia para tratar a Covid-19 já foi comprovada – é uma subversão do papel do programa. Elas também concluem que o governo brasileiro “parece tentar impor uma agenda política ao invés do bem-estar da população”.

Confira o artigo na íntegra: