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Prêmio Nobel e acesso a tecnologias na Covid-19: direito coletivo X disputa comercial - por JORGE BERMUDEZ e LUANA BERMUDEZ

Publicada em 02 de fevereiro de 2022. Fonte: CEE Fiocruz

 

Enquanto ecoam visões otimistas no mundo, tentando inferir que, da pandemia ou sindemia, poderemos estar evoluindo de contingência para a convivência da sociedade global com a Covid-19, transformando a doença em uma endemia, a OMS nos alerta que a declaração de uma vitória contra o vírus seria “prematura”, diante do aumento no número de mortes na maioria das regiões do planeta e da desigualdade da cobertura vacinal entre países de alta e de baixa e média renda. Embora, nitidamente, estejamos vivenciando um aumento na cobertura de vacinas e a menor gravidade do quadro com a variante ômicron em vacinados, ainda não chegou o tempo de levantar as restrições que as pressões políticas e comerciais tensionam no mundo inteiro. Após dez semanas da identificação da nova variante, de acordo com a OMS, mais de 90 milhões de casos foram identificados (ver aqui).

Algumas análises baseiam-se no fato de que está havendo aumento no número de casos assintomáticos (chegando à proporção de 40% dos casos), ou de casos menos graves, o que poderia levar à expectativa de que a doença estaria se tornando endêmica e que, até o final de março de 2022, mais da metade da população mundial terá sido infectada. Essas estimativas poderiam indicar que a Covid ainda vai persistir, mas que o caráter pandêmico pode estar chegando ao fim (ver aqui). Manifestamos preocupação quanto a essas afirmações, para nós, de fato precipitadas e, ainda, com as expectativas de que as medidas profiláticas adotadas venham a ter pouco impacto nos números da doença. Pelo contrário, é mais do que necessário continuar com as medidas de proteção preconizadas.

Ao longo dos dois anos de restrições e de contenção, desde a declaração da pandemia, temos nos manifestado procurando a construção de um ambiente de mais justiça social e menos disputa comercial, enfatizando a necessidade de que a Ciência desbanque o negacionismo e a importância de fortalecer nossas instituições públicas de Ciência, Tecnologia e Inovação. E, ainda, que a solidariedade se sobreponha à desigualdade que a pandemia acirrou nos países menos providos de recursos, desigualdade que foi significativa em nosso país e em nossa região.

Leia na íntegra, aqui.